Depressão faz cérebro trabalhar diferente: Confira estudo!

Pesquisas indicam que uma rede neural relacionada à atenção é mais robusta em pessoas que sofrem de depressão. Essa descoberta sugere que a forma como o cérebro processa informações e reage a estímulos pode ser alterada em indivíduos com essa condição, destacando a complexidade da relação entre a atenção e a depressão.

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Mundo Micro

9/30/20242 min ler

Flutuação dos Sintomas da Depressão

Os sintomas da depressão são conhecidos por flutuar ao longo do tempo, mas muitos estudos de imagens cerebrais apenas capturam um único momento, dificultando a conexão entre a atividade cerebral e as mudanças de humor.

Descoberta da Rede de Saliência

Um novo estudo revela que uma rede cerebral responsável pela orientação da atenção é quase duas vezes maior em pessoas com depressão do que em indivíduos sem sintomas. Mais interessante é que essa rede permanece ampliada mesmo quando os sintomas depressivos diminuem.

Expectativas e Resultados da Pesquisa

"Não esperávamos encontrar diferenças estáveis nos padrões de atividade cerebral em pessoas com depressão", afirma Charles Lynch, neurocientista do Weill Cornell Medical College. Os resultados, publicados na Nature, podem oferecer novas perspectivas para terapias de estimulação cerebral voltadas ao tratamento da depressão.

Análise de Dados e Redes Cerebrais

Lynch e sua equipe analisaram dados de ressonância magnética funcional de mais de cem pessoas ao longo de vários dias, observando a atividade cerebral e a intensidade dos sintomas depressivos reportados pelos pacientes. Eles identificaram uma rede de saliência, responsável por identificar estímulos relevantes e orientar a atenção, que era significativamente maior em indivíduos com depressão.

Estabilidade e Conectividade da Rede

Enquanto os limites da rede de saliência se mantinham estáveis, algumas mudanças na conectividade entre seus componentes estavam ligadas ao agravamento dos sintomas. Por exemplo, em dois pacientes acompanhados ao longo de meses, a conexão entre áreas do cérebro relacionadas à recompensa e à tomada de decisões diminuiu quando eles relataram menos alegria.

Redes de Saliência em Adolescentes

Além disso, a equipe analisou um conjunto de dados de adolescentes e descobriu que aqueles que desenvolveram sintomas depressivos nos anos seguintes apresentavam redes de saliência maiores desde a infância. Esses resultados sugerem que uma rede de saliência ampliada pode preceder a depressão, possivelmente influenciada por fatores genéticos ou estressores precoces.

Implicações para Intervenções Terapêuticas

Compreender melhor esses componentes neurais que impulsionam a depressão pode levar a intervenções terapêuticas mais eficazes, especialmente considerando a eficácia inconsistente dos tratamentos medicamentosos atuais. "Há uma oportunidade de usar essas informações sobre a organização das redes cerebrais para aprimorar as terapias de estimulação cerebral", conclui Lynch.

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Nas imagens de ressonância magnética funcional que serviram de base para os modelos cerebrais apresentados, a rede de saliência (representada em preto) é duas vezes maior em indivíduos com depressão (à direita) do que em aqueles que não apresentam a condição (à esquerda).
C. Lynch et al./Natureza 2024