Radiação no Dia a Dia: Itens Comuns que Emitem Energia Boa e Ruim

Descubra quais objetos do dia a dia emitem radiação, quando ela é segura e quando pode representar risco à saúde.

NATUREZA E VIDA

Albio Ramos

10/26/2024

Radiation icon in a living room.
Radiation icon in a living room.

Introdução

Acredite ou não, você está exposto à radiação em objetos comuns que muitos de nós usamos diariamente. Essa informação pode surpreender, mas a radiação, em pequenas doses, é parte natural do ambiente em que vivemos. Desde o solo até alimentos e utensílios domésticos, há inúmeros exemplos de emissões radioativas que, na maioria das vezes, são inofensivas.

Segundo pesquisas da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA, 2024) e estudos realizados por universidades como a USP e o MIT, a presença de radiação natural é essencial para o equilíbrio da Terra e, em pequenas quantidades, não oferece perigo à saúde. No entanto, algumas fontes artificiais ou mal conservadas podem representar risco se manipuladas de forma incorreta.

Neste artigo, você vai descobrir os itens mais comuns que emitem radiação — desde os considerados seguros até os que exigem atenção — e aprender como minimizar sua exposição de forma prática e consciente.

Radiação Boa – Quando a Exposição é Segura

1. Relógios com Ponteiros Luminosos

Relógios antigos, especialmente os de colecionadores, costumavam usar substâncias radioativas como rádio e trítio para fazer os ponteiros brilharem no escuro. Essas substâncias emitem partículas alfa, incapazes de atravessar o vidro protetor do relógio.

Enquanto o vidro estiver intacto, não há perigo para o usuário. No entanto, se o relógio estiver quebrado, enferrujado ou sem proteção, a exposição direta ao material pode liberar pequenas quantidades de radiação. Mesmo assim, o risco só se torna relevante em situações de contato prolongado e repetido por muitos anos.

Old clock on a brick wall
Old clock on a brick wall

Os detectores de fumaça utilizam amerício-241, uma fonte de radiação segura e controlada dentro do aparelho.

Smoke detector
Smoke detector
Bunch of bananas on the left and 3 potatoes on the right.
Bunch of bananas on the left and 3 potatoes on the right.
Ceramic pot on the left and uranium glass vase on the right.
Ceramic pot on the left and uranium glass vase on the right.
Old television - digital illustration showing radiation waves and radiation icon.
Old television - digital illustration showing radiation waves and radiation icon.
Several granite models in the background and, to the left, a pile of different granites.
Several granite models in the background and, to the left, a pile of different granites.
Portable X-ray machine
Portable X-ray machine
Two antique lanterns with thorium on top of a wooden bench.
Two antique lanterns with thorium on top of a wooden bench.

2. Detetores de Fumaça – Protetores Silenciosos

Os detetores de fumaça são aliados fundamentais na prevenção de incêndios e também utilizam uma forma controlada de radiação. Eles contêm amerício-241, um elemento que emite partículas alfa para detectar a presença de fumaça no ar.

A radiação não é liberada para o ambiente, pois fica completamente isolada dentro do dispositivo. O perigo só existe se o aparelho for desmontado ou danificado. Por isso, é importante seguir as recomendações do fabricante e substituir o equipamento quando necessário.

Para um risco considerável, seria necessário manusear um relógio sem vidro protetor diariamente por anos.

3. Bananas e Alimentos Ricos em Potássio

Pouca gente sabe, mas as bananas, assim como as batatas e nozes, são levemente radioativas. Isso acontece porque contêm o isótopo potássio-40, naturalmente presente em organismos vivos.

Uma banana emite cerca de 0,1 microsievert — uma dose insignificante para o corpo humano. Para causar qualquer dano, seria necessário consumir mais de 100 bananas de uma só vez, o que é impossível. Esse fenômeno é tão conhecido que cientistas criaram o termo “Banana Equivalent Dose”, usado como referência informal para medir pequenas doses de radiação.

4. Cerâmica Antiga e Vidros de Urânio

Antes da década de 1960, muitos fabricantes utilizavam óxidos de urânio em vidros e cerâmicas para criar tons vibrantes de verde e laranja. Esses materiais ainda podem ser encontrados em antiguidades e coleções.

Apesar de serem radioativos, emitem níveis muito baixos de radiação e não representam risco se mantidos em bom estado. O cuidado é apenas evitar quebrar, lixar ou manusear constantemente peças desgastadas, pois isso pode liberar partículas.

Cerâmicas e vidros de urânio emitem radiação mínima e são seguros quando mantidos intactos.

Radiação Ruim – Perigos Ocultos para Ficar Atento

1. Televisores de Tubo (CRT)

Os antigos televisores de tubo catódico, populares até o início dos anos 2000, emitiam pequenas doses de radiação enquanto estavam ligados. O risco era mínimo, mas o uso prolongado e a curta distância da tela poderiam aumentar a exposição com o tempo.

Atualmente, as televisões de LED e LCD substituíram completamente essa tecnologia, eliminando o problema. É recomendável descartar os televisores de tubo de forma adequada, já que também contêm metais pesados em sua estrutura.

O potássio-40 é um elemento radioativo natural presente em alimentos como banana e batata.

2. Granito e Pedras Ornamentais

O granito e outras pedras naturais contêm pequenas quantidades de urânio e tório, que liberam radônio, um gás radioativo incolor e inodoro. Em ambientes bem ventilados, o risco é praticamente nulo, mas em áreas fechadas, o acúmulo desse gás pode representar perigo à saúde ao longo de muitos anos.

Estudos da U.S. Environmental Protection Agency (EPA, 2024) mostram que o radônio é responsável por até 14% dos casos de câncer de pulmão em ambientes sem ventilação adequada. Em casas com bancadas ou pisos de granito, recomenda-se o uso de detectores e a ventilação regular.

O radônio é um gás natural que pode se acumular em ambientes mal ventilados, especialmente com granito.

3. Aparelhos de Raio-X Portáteis – Cuidado para Profissionais da Saúde

Dentistas, veterinários e técnicos de radiologia utilizam equipamentos que emitem radiação ionizante, fundamental para diagnóstico por imagem. Em ambientes controlados, o uso é seguro, mas a exposição repetida sem proteção adequada pode causar danos celulares a longo prazo.

Por isso, aventais de chumbo, luvas e barreiras protetoras são essenciais. Protocolos de segurança da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Anvisa determinam limites rigorosos de exposição para profissionais da área.

Televisores antigos de tubo emitiam pequenas doses de radiação, hoje inexistentes nas telas modernas.

4. Lanternas Antigas com Tório

As lanternas antigas, especialmente modelos de camping fabricados até o final do século XX, usavam tório em suas malhas incandescentes para intensificar o brilho da chama. Esse elemento emite radiação alfa, inofensiva enquanto o material estiver intacto.

O perigo surge quando a malha se quebra ou é manuseada com frequência, liberando poeira radioativa. Hoje, essas lanternas são itens de coleção e devem ser mantidas apenas para fins decorativos, longe do uso diário.

Aventais e barreiras de chumbo são obrigatórios para evitar exposição acumulada à radiação ionizante

Como Minimizar a Exposição e Prevenir Riscos

Monitore o Radônio em Áreas de Pedra
Se você possui granito ou pedras ornamentais em casa, considere adquirir um detector de radônio. Ele alerta quando os níveis ultrapassam o limite seguro. Manter as janelas abertas e a ventilação constante ajuda a dissipar o gás.

Manuseio Seguro de Relógios e Cerâmicas Antigas
Evite tocar frequentemente em peças desgastadas ou quebradas. Caso possua relógios antigos com pintura radioativa, mantenha-os dentro de vitrines ou locais de exposição fechados.

Equipamentos de Proteção para Profissionais da Saúde
O uso de aventais de chumbo, luvas e óculos de proteção é essencial para profissionais que lidam com equipamentos de raio-X. A manutenção periódica e calibração dos aparelhos garante segurança e eficácia.

Esses cuidados simples demonstram que a radiação, embora parte natural do nosso mundo, exige conhecimento e respeito. Com pequenas medidas, é possível conviver com segurança e aproveitar os avanços científicos que ela proporciona.

Conclusão

A radiação está presente em nossa vida desde sempre — no ar que respiramos, nos alimentos que comemos e nos objetos que utilizamos. Em sua maioria, essas fontes são inofensivas e até indispensáveis para o equilíbrio natural.

O que faz a diferença é a quantidade e a forma de exposição. Saber onde ela está e como agir é o primeiro passo para viver de forma segura e consciente. A ciência continua estudando novas formas de monitorar, controlar e utilizar a radiação em benefício da humanidade, desde diagnósticos médicos até a geração de energia limpa.

Referências Científicas

  • Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA). Radiation and Everyday Life. 2024.

  • Environmental Protection Agency (EPA). Radon and Indoor Air Quality. 2024.

  • Universidade de São Paulo (USP). Níveis Naturais de Radiação no Ambiente Urbano Brasileiro. 2023.

  • Nature Journal. Natural Sources of Radiation Exposure in Modern Environments. 2024.

✍️ Escrito e revisado por Albio Ramos — Médica veterinária, pesquisadora e divulgadora entusiasta de biotecnologia.
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Lanternas antigas com tório são seguras se mantidas intactas, mas o pó do material pode ser perigoso.